Roberto Francisco
Convidado pelo velho e querido amigo Sylvio Adalberto, Presidente da Academia Brasileira de Poesia Casa de Raul de Leoni, de Petrópolis RJ, aqui estarei a partir desta data 30/05/2008, para lhes trazer noticias deste “pequenino frasco de perfume”.
De início, quero lembrar-lhes que, de origem provençal (Provença, região do sul da França ) a Trova cresceu nos séculos XII e XIII, por ajuda do Conde de Pritiers, composta pelos tronbadonrs ou trouvères, quase de origem nobre, e cantada pelos menestréis, de função remunerada.
Os trovadores provençais relatavam suas aventuras cavalheirescas e amorosas, além de se fazerem arautos de importantes reformas sociais e espirituais, através de suas composições cantadas e recitadas pelos menestréis e bardos,fazia com que eles difundisse o lirismo renovador.
Sua forma não era a mesma da atualidade: 4 versos setessilábicos, rimando 1° com 3° e 2° com 4°, condensando um pensamento completo.
Como TROVA deriva do verbo trosever (truvê), achar, o ponto reto de quem a produz é denominado “achado”, no jogo de palavras, em frases de vai-e-vem, no toque mágico, que valoriza qualquer produção literária. A culta escritora portuguesa, Carolina Michaelis diz que de trobaire (achar) veio trobador, o que acha ou troba e, finalmente, TROVA. A Espanha, como Portugal, denominavam trobos populares, as quadras setessilábicas.
Em 1723, há quase 700 anos atrás, passou a ser objeto de competições de inteligência e sensibilidade entre poetas. E vieram os primeiros jogos florais, em Toulouse, França, estendendo-se logo à Península Ibérica, para chegar aos outros países europeus. Por que Jogos Florais? Porque eram celebrados no mês de maio, mês das flores na Europa, em homenagem à deusa Flora. Em Portugal, Dom Diniz foi o Rei Trovador. No Brasil, os primeiros Jogos Florais foram em Santos (1914, 1915 e 1916), e, no Estado do Rio, em Friburgo, numa parceria entre Luiz Otávio e J. G. de Araújo Jorge, dos quais muito teremos de lhes falar nas próximas oportunidades. Tema Friburgo, I Jogos, vencidos por Daniel de Carvalho.
“Amanhece. A névoa fina
Vai, aos poucos, se extinguindo…
E o Sol, varrendo a neblina,
Mostra Friburgo… sorrindo.”
Semelhante, Jesy Barbosa homenageou PETRÓPOLIS:
“Striptease mais lindo
Nenhum palco pode ter:
Petrópolis, se despindo
Das névoas do amanhecer!”
Trazendo a prosa para nossa sardinha, este cronista também registrou:
Quando, do céu, à janela,
Contempla o Mundo, o CRIADOR
Vê como fez, meiga e bela,
PETRÓPOLIS, nosso amor!…
Até a próxima vez!
Roberto Francisco – Membro Titular da ABP
Presidente local da UBT.
Vencedoras do Concurso de Trovas
1º – Regina Célia de Andrade
Nº 24
Depois que apanho à vontade
no ringue da solidão,
percebo sempre a saudade
recebendo o cinturão…
2º – Maria Madalena Ferreira
Nº 11
Vais partir… – E, eis a certeza
que neste instante me invade
– Se eu não morrer de tristeza…
… não sobrevivo à SAUDADE!!!…
3º – Carmen Felicetti
Nº 73
A saudade é um recado
Que parece incoerente
Pois lembra um bem do passado
Que causa dor no presente.
4º – Sylvio Adalberto
Nº 59
Quando você foi embora
Meu DEUS, pensei que morria
Mas a saudade de agora
Me faz morrer todo dia.
5º – Gustavo Wider
Nº 52
Entre um suspiro profundo
E uma saudosa contigo
Vão-se cantando no mundo
Saudades que o peito abriga
6º – Luiz Carlos Rodrigues Soares
Nº 19
Na memória, só lembrança
Das peraltices que fia
Sem medo e, com segurança
Saudade de ser feliz!
7º Iré Neurique da Costa
Nº 55
No delírio da saudade
Que atormenta os dias meus
Chego até a ter vontade
De inventar um “desadeus”.
8º Daura Barbosa Resende
Nº 68
Suas este amor, qual ventania
É saudade – não tem jeito,
Mora dentro da poesia,
Vive dentro do meu peito!
9º Oswaldo de Almeida Neves
Nº 82
Suas fotos… Do envelope,
Tiro-as, Mãe, com ansiedade…
Beijo-as tanto, sem galope,
Com os lábios da saudade…
10º Edith Marlene de Barros
Nº 63
O trem da vida, ligeiro,
Levando a felicidade…
Mas volta triste, sonseiro,
Pelos trilhos da saudade
10º Ivan Herzog de Oliveira
Nº 92
É tão viva tal sentença
Que tenho na consciência:
A saudade é a presença
Constante da tua ausência!
10º – Ivair Kaippert
Nº 45
Homem, depois dos noventa,
“daquilo” até tem vontade.
Só que ele não mais agüenta,
Ficando só na saudade.