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Luiz Gonzaga dos Santos Gutierrez

Biografia

Nasceu em Petrópolis, em 26 de outubro de 1927. Fez os primeiros cursos na Escola Técnica de Comércio Martim Afonso, em Niterói, vindo mais tarde bacharelar-se em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis. Foi funcionário do PodeR Legislativo Estadual. Quando estudante universitário, presidiu o Diretório Acadêmico Ruy Barbosa, da Faculdade de Direito. Nunca frequentou rodas literárias. Não se filiou a escolas literárias na ilusória busca de inspiração. Seus motivos poéticos nasceram da presença constante da tecla erótica do amor, tem a dor numa fonte inesgotável para seus cantos, sempre amparado pela visão sofredora que o poeta vê e sente a vida, dando-se por satisfeito com a publicação de seus modestos cânticos. Seus trabalhos foram publicados nos jornais de Petrópolis. Autor do livro “Brisa e Orvalho”. Além de advogado militante, exerceu cargos na administração pública municipal, nas funções de inspetor de Ensino e Coordenador da Merenda Escolar. Possui os cursos de Relações Humanas e de História da Arte. Pesquisador histórico, tendo lecionado em diversos estabelecimentos de ensino do Estado do Rio. Figura em diversas antologias, entre elas “Nossos Poetas III”.

NOITE DO MEU NATAL

– Eu me remoço recordando a infância –
Casemiro de Abreu

Nesta noite,
entre as paredes do meu quarto,
sinto que não sou
nada mais que uma sombra perdida
à procura de uma mão
que está longe de mim.
Sinto e ouço a música
doce e melancólica
cortando o espaço
mas sei que o Natal não virá
para perto de mim.

Sei que nesta hora,
em volta de uma mesa,
há pessoas que cantam
sorrindo o Natal contente
sem procurar entender
os desígnios e os mistérios da vida.

Nesta noite
minha alma se entristece,
porque em mim
existem imagens que não morreram nunca
– as da minha infância, a do meu pai ausente.

VOZ DE CRIANÇA

(à Maria Fernanda “Capitão”)

Vem de longe esta voz. Vem da distancia,
que a minh’alma invade e no meu ser habita.
Vem de longe esta voz. Voz de criança,
que canta e chora e que às vezes grita.

É uma voz de um ingênuo linguajar
que me conduz de volta à inocência,
é uma voz que me pede sem falar
pra esquecer meu passado! Minha amardência!

Parece serem gemidos de criança
como se preocupassem com que passo,
buscando dar-me renovada infância.

E aos meus ouvidos vou sentindo
ecos sem responsos do espaço,
sem saber de onde estão partindo.