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Roberto Francisco Monteiro

Biografia

Filho do também poeta Ibrahim Francisco, nasceu no dia 30 de abril de 1931, em Sapucaia, RJ. Professor renomado, radicou-se em Petrópolis. Militante político. Faleceu em Petrópolis em 17 de junho de 2017. Professor, foi titular da Academia Petropolitana de Ciência, Academia Petropolitana de Educação, Academia Petropolitana de Letras e da Academia Brasileira de Poesia – Casa Raul de Leoni. Foi presidente da UBT – Petrópolis.

O CORAÇÃO JÁ ME FALAVA…

Por certo, em tempos idos, noutra idade,
outras vidas passadas, nós tivemos,
e às quais, nosso pensar, numa saudade,
sem ter motivo real, então volvemos.

Por certo – agora estou desta verdade –
numas outras carcaças, que perdemos,
em alguns pontos dessa imensidade,
há muitos séculos, nós nos conhecemos.

Eu hoje penso que, assim foi, querida:
Estamos integrados nesta vida,
desde quando em primeiro e grande dia,

ao ver-te, o coração já me falava,
que, desde há muito tempo, eu já te amava,
que, não sei de onde, já te conhecia!

SEMPRE JUNTOS…

Por tantos anos, somos namorados,
sem, no amor, conhecer desesperança,
que estou certo de sermos invejados
por casais, com que temos vizinhança.

Quando a sós, nossos corpos enlaçados,
jamais se calam, na linguagem mansa…
No tempo, em que ficamos separados,
um, de pensar no outro, não se cansa.

Um grande amor nos une e delicia
fazendo sempre, ao teu, preso o meu peito,
em fortes elos, plenos de carinho,

que anseia, nossas almas subam, um dia,
juntas ao espaço, num fraterno jeito
de evitar que, um de nós, fique sozinho.

NO CÉU…

Trago teu cheiro em mim, impregnado
no meu corpo, ansioso por carinho.
Lembro cada momento, sublimado
por louco amor, sobre o lençol de linho.

Lembro o edredom azul, acolchoado,
que nos cobriu, de inicio, em nosso ninho.
Sinto-te o gosto, no suor salgado
da doce taça íntima de vinho…

Tudo é tão em mim, e tão intenso,
Que, ás vezes, sinto ter perdido o senso,
Ante a força brutal, que me domina.

E o pensamento faz varar o espaço:
Chego ao céu, no calor do teu regaço,
e no Céu fico, em ti, mulher divina!

ALEGRIA

Tão alegre, oferecias,
De forma fraterna e grata,
Mil custosas as iguarias,
Em travessas de ouro e prata.

Se perambulo, contente,
Indo, por aí, a esmo,
Em voz alta, normalmente,
Converso comigo mesmo.

Aproveitando alegrias,
Intercambiando venturas,
Rolaram horas e dias,
Com inefáveis venturas.

Há muita gente, mendace
Com alegria incontida,
Que expõe, numa falsa face,
O lado irreal da vida!

No viver de cada dia,
Eis um conceito verás:
O cultivo da alegria
Leva a colheita da paz!

Nossa alegria é real,
Sempre que a alma assimila
Ser o labor, natural,
E a consciência, tranquila.

ALMA

É interpretar bem certo
Que, ante a morte, nos consola:
Alma é pássaro liberto,
Que se solta da gaiola!

Equiparam-se nos “nadas”,
Sem pesar posses ou raças,
Almas todas, destronadas
De sua frágeis carcaças.

Almas – cristãs com certeza,
Na fé, plena de fervor
Sobre fortuna e nobreza,
Põe caridade e amor!

Às doações infinitas
Que à alma boa amealhava,
O acervo das desditas,
De pronto, se epilogava!

Ao progredir, gera o amor.
Compondo este, em verdade,
Chega a alma ao superior
Estágio da eternidade…

Fundando-me em cristã crença,
Posso, a todos, afirmar:
Alma dá sempre presença,
DEUS a fez perenizar!…

Quando homem e mulher se enlaçam
De uma forma especial,
Se as almas também se abraçam,
A fusão faz-se integral.

AMOR

Em seu existir sensível,
Por toda a humana sorte,
É real chama inextinguível
O amor, que supera à morte!

Amor, na vida cristã,
É lua de raro esplendor,
Que se utiliza no afã
De lucificar a dor.

Dá-nos, Jesus, por destino,
Com a lua que tua vida encerra,
Mesmo um traço pequenino
Do amor, que lanças à Terra!

Dar, ao amor, inspiração,
Em sua fase qualquer,
É sempre a preocupação
De toda e qualquer mulher!

Velho casal, com alarde,
Nos demonstra, em seu fervor,
Que, aos seres jamais é tarde
Para a vivência do amor.

A vida é inferno, em verdade,
Em todo tempo e lugar,
Ao pender-se a faculdade,
Que o ALTO nos deu de amar!

Percorrendo cristãs sendas,
Ao nos, tocarem paixões,
Se o ódio exalta contendas,
Vence o amor às transgressões!

AMIZADE

Verdadeiras amizades
Com que, no plano, tu contas,
Envolvem, com claridades,
Toda a solidão dos montes.

À amizade de fervor,
Com que sempre tu te abrasas,
Próximo passo é o amor.
Ela, no entanto, sem asas!

Na tristeza e no perigo,
Necessário é se lembrar:
Todos querem um ombro amigo,
A fim de se consolar,

Com total sinceridade,
É o que digo, de início:
Toda a humana amizade
É a vida em exercício.

Com imprescindível espaço,
Da estrada ascensional,
Amizade, último passo
Ao amor – universal!

Das tradições, que não mentem,
Nos repassam esta fala:
Amizade só a sentem
Os capazes de inspirá-la.

Jamais encontrei medida
À amizade e ao amor;
Pois os sinto, em minha vida,
De imponderável valor!

Ansiando o amor fraternal
Que nos traz as coisas belas,
Aumentemos seu total
Sempre com novas parcelas!